Parece que, em tempos de crise extrema, temos que eleger uma cantiga que expresse a nossa revolta.
Ponto número 1:
É sabido que a Deolinda é um fenómeno que me passa consideravelmente ao lado. “Que parva que eu sou” é provavelmente a expressão que melhor define aquilo que é a Deolinda. A música? Com um tema (oportunamente) interessante, Ana Bacalhau debita verdades dos dias que correm, devidamente temperadas com generosas doses de vulgaridade poética. A reacção do público? A fazer lembrar a reacção das betinhas “fozeiras”, durante um recente concerto de Seu Jorge na mesma sala, quando gritavam a plenos pulmões os versos de “Burguesinha”. Os fenómenos de massas têm destas coisas.
Ponto número 2:
Os Homens da Luta. Os mais recentes vencedores do festival da canção são, sem sombra de dúvidas, uma das mais interessantes propostas do humor nacional dos últimos anos. A Vitória? Brutal! Fenomenal! Lindo! No entanto, não creio que tenha sido o grito de revolta de um país falido, de uma geração à rasca, dos desafortunados, que os fez pagar 60 cêntimos + IVA (tal como Jel fez questão de relembrar) para que os nossos descontentamentos tenham eco, ironia das ironias, na Alemanha. Terá sido o mesmo país que elegeu (ou deixou que elegessem por ele) Cavaco para Presidente da Republica a revoltar-se menos de 2 meses depois? Ou será apenas um fenómeno semelhante aquele que fez com que Salazar fosse eleito o “Maior Português”, ou lá como foi isso? Ou ainda um grito de revolta, sim, mas contra a mediocridade que caracteriza as performances lusas no dito festival nos últimos anos?
Ponto número 3:
Feitas as considerações anteriores, a minha escolha musical para o combate à crise é:
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