Caríssimos,
Nesta quadra natalícia, decidi partilhar convosco um excerto de um artigo de opinião de Miguel Sousa Tavares no Jornal Expresso. Este Senhor, prima pelo seu espírito crítico e por não ter papas na língua a falar sobre temas da actualidade, mas este fim-de-semana considero que conseguiu transcender-se ao dizer aquilo que nenhum jornalista português tem coragem para fazer, ou seja, fazer um relato “puro e duro” sobre a aquisição que Isabel dos Santos fez no nosso país. Achei particular interesse a este artigo, porque cada vez que encontro um artigo na nossa estimada imprensa sobre Angola, apenas consigo ler maravilhas e floreados. Ou porque as empresas portuguesas têm um crescimento potencial enorme no “el dorado africano”, ou simplesmente porque o comércio de luxo em Portugal parece já estar dependente dos angolanos para sobreviver. Quando leio a maior parte dos artigos sobre Angola na nossa imprensa, fico sempre revoltado. Hoje em dia, o que vemos é uma escrita de subserviência, como se o nosso País tivesse unicamente dependente do “Petrodolares” para se desenvolver. Em dezenas de artigos que já encontrei na nossa imprensa, não me consigo lembrar de um único que faça um relato curto e com uma mensagem de intervenção tão importante, como este pequeno excerto. Além de relatar o que toda a gente sabe, mas que toda a gente é incapaz de dizer, que os “Petrodolares” são usados para comprar 10% da ZON como quem vai à Fnac comprar um CD (a única diferença, é que foi necessário o “nosso” Banco do Estado financiar os angolanos nesta aquisição), também relata as condições miseráveis em que os Angolanos vivem. Neste caso, compreende-se perfeitamente a prioridade de investimento nas telecomunicações portuguesas, em vez de em infra-estruturas básicas na cidade de Luanda. Aliás, abrindo o Google Earth, e fazendo um zoom na cidade de Luanda, onde se perde completamente de vista os rios de esgoto a céu aberto, e os quilómetros quadrados de “Musseque”, nota-se perfeitamente que a prioridade de investimento são as telecomunicações. Se calhar, pretendem lançar um choque tecnológico já em 2010, antes de toda a população ter acesso a água potável.
Outra questão interessante que estive a pensar foi a seguinte: Se não utilizássemos o dinheiro proveniente da riqueza do nosso país para investir em saúde, educação, obras públicas, etc. Mas sim em grandes investimentos no estrangeiro, talvez a filha do nosso Presidente Cavaco Silva, conseguisse comprar 10% da France Telecom. Estou certo que o maior banco francês estaria disposto em financiar a filha do Presidente Português nesta operação financeira!!
Votos de um bom ano!
Está a chegar a Luanda o mais recente brinquedo do Presidente José Eduardo dos Santos: um iate de luxo, seguramente comprado com o seu salário, que ronda os 4000 euros, e cuja tripulação é recrutada em Portugal, com vistos passados em 24 horas. E, enquanto o Presidente se prepara para navegar nas tépidas águas do Mussulo, a sua filha, a elegantíssima empresária Isabel dos Santos, não pára de aumentar a sua fortuna nascida do nada. Com a anunciada compra esta semana de parte do Capital da Zon, Isabel do Santos tem já investido dois mil milhões de euros em empresas portuguesas. É um excelente negócio para estas empresas, que não recebem capitais frescos como também recebem de braços abertos um parceiro estratégico que lhes garante participação nos melhores e mais favorecidos negócios angolanos. Pena que não reservem parte dos lucros para financiar próteses para as crianças vítimas da guerra angolana, para construir habitação social em Luanda ou para criar esgotos e infra-estruturas básicas que dêem à imensa maioria da população miserável condições mínimas de dignidade. Porque, até prova em contrário, a riqueza de Angola pertence a todo o seu povo e não apenas aos que se passeiam em iates de luxo e vêm a Lisboa comprar roupas de marca, jóias ou empresas de telecomunicações. Nunca tão poucos tiraram tanto a tantos.
1 comentário:
Não te esqueças também daqueles amigos do BE, que tanto admiras, que foram os únicos que não ficaram na Assembleia para dar um chicoração ao Zedu, aquando da sua última visita a Portugal.
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